domingo, 18 de setembro de 2011

Casa do Brasil em 70, estádio mexicano reúne mulheres e confusão


Ao chegar ao Estádio Jalisco, em Guadalajara, para acompanhar à partida entre o líder Chivas e o visitante Pueblas, a primeira impressão é de que se está no Brasil. Uma multidão trajando as cores vermelha e branca dos donos da casa se aglomera no local onde a Seleção Brasileira de 1970 fez história durante a Copa do Mundo daquele ano. Cambistas, barracas de comida e tendas com camisetas oficiais e falsificadas tomam conta das ruas.
A diferença, porém, é sentida nos pequenos detalhes. Enquanto no Brasil o que se encontra em porta de estádios são lanches rápidos, como o de pernil ou cachorro quente, no México a ida ao estádio serve também para fazer uma refeição ao lado dos conhecidos e familiares. Longas tendas e diversas mesas são colocadas à disposição de quem quiser comer uma torta mergulhada em pimenta ou um prato com diversos tipos de carne, linguiça e cebola.
A falta de respeito com o torcedor na compra de ingresso é parecida com a que é vista nos grandes estádios brasileiros. Para se conseguir chegar na boca da bilheteria, o cidadão tem de esperar mais de uma hora. Muitos tentam furar fila ou desistem e acabam pagando cerca de 50 pesos mexicanos (cerca de R$ 10) a mais para os cambistas.
Para animar um pouco os impacientes, diversos patrocinadores realizam ações promocionais, normalmente com a presença de garotas que são assediadas pelos aficcionados querendo uma foto ou apenas um beijo no rosto.
Ao chegar na porta do estádio, vários policiais fazem a revista e mantém a tranquilidade do ambiente. Dentro do Jalisco, a primeira grande surpresa: os fanáticos pelo Pueblas ficarão ao lado dos torcedores do Chivas durante a partida. A separação entre as duas torcidas é feita apenas por uma escolta de três policiais. Algo inimaginável de se acontecer no Brasil.
Nas arquibancadas também se encontra um verdadeiro tour gastronômico. Pipoca, salsicha, salgadinhos, pizza e até carne de porco são tipos de comida vendidos aos torcedores, sempre acompanhados de uma garrafa grande contendo muita pimenta. Até crianças de 10, 11 anos comem algumas dessas iguarias "ardidas". Cervejas, que são proibidas nos estádios brasileiros, também são comercializadas pelos ambulantes que carregam baldes gigantes com dezenas de garrafas.
Propaganda inusitada e confusão
A partida começa e o que se vê é a torcida do Pueblas entoando gritos de guerra da sua equipe. Em contrapartida, recebem uma bela vaia dos torcedores do Chivas que estavam ao seu lado. Minutos após o pontapé inicial, mais um fato que causa curiosidade para quem é turista. O sistema de som do estádio toca músicas durante o jogo e anuncia slogans dos patrocinadores do clube.
No meio do primeiro tempo, um pênalti um tanto duvidoso levanta a torcida dos donos da casa. Entra então o narrador do Jalisco: "este pênalti é um oferecimento de Garibaldi, a comida mais rápida do mundo". O público comemora a marcação e ignora solenemente o que diz o autofalante. O Chivas converte a penalidade para alegria dos torcedores da equipe branco e vermelha.
A alegria do time de Guadalajara, porém, termina próximo ao final da primeira etapa. Em um belo chute de longe, o brasileiro Lucas Silva, que chegou a jogar no Botafogo em 2008, fez os poucos torcedores do Pueblas irem à loucura. Chateados, os membros da torcida organizada do Chivas protagonizaram uma cena cada vez mais recorrente no futebol latino-americano: entraram em confronto com policiais nas arquibancadas durante o intervalo. A briga durou mais de cinco minutos e acabou quando a polícia mandou reforço para o setor onde os encrenqueiros se encontravam.
Do outro lado da arquibancada não era a briga que chamava a atenção. Uma torcedora do Chivas, com os seios avantajados, recebia assobios e cantadas dos torcedores do Pueblas que estavam nas cadeiras inferiores. Parecendo gostar do assédio, a mulher distribuía acenos e fazia poses para as câmeras fotográficas dos rivais.
Festa com sabor doce
Vem o segundo tempo e com ele a ducha de água fria cai de vez nos torcedores do Chivas. Depois de belíssima jogada do americano Demarcus Beasley, que fez sucesso durante passagem pelo escocês Rangers, o juiz marca pênalti e expulsa o infrator. O espanhol Luis García, campeão da Liga dos Campeões com o Liverpool em 2005, converte.
Se engana quem pensa que os fãs do Chivas partiram para a briga com os do Puebla. Após o gol, a torcida visitante passa a jogar para os rivais alguns camotes, doce típico de sua região. Os aficcionados do Chivas levam a brincadeira numa boa e pedem para que os rivais lhe arremessem mais doces.
O bom-humor, no entanto, dá lugar ao desespero com o relógio andando. A torcida estava vendo uma invencibilidade de 13 jogos do Chivas ir por água abaixo e, dentro de campo, a equipe não conseguia sequer chegar perto do gol do Puebla. Nos minutos finais, muitos torcedores vão embora e não veem mais dois gols dos visitantes, que comemoram muito a surpreendente goleada por 4 a 1. A experiência no Estádio Jalisco termina com a festa da pequena torcida do Pueblas, em meio a multidão de torcedores do Chivas.
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