O paulistano Leandro Prates, 29 anos, está se preparando na cidade de
San Luis Potosí, no México, para a disputa do primeiro Pan-Americano
dele, no próximo mês, em Guadalajara. Soldado da Polícia Militar (PM)
paulista, ele ganhou destaque fora das pistas no ano passado, quando
trabalhava como atendente do telefone de emergência da PM, o 190.
Em uma noite de uma segunda-feira, uma mãe desesperada ligou dizendo que
o filho de 15 dias estava engasgado e sem respirar. Calmo, ele pediu
que a mulher fizesse algumas manobras e em pouco tempo o garoto teve as
vias respiratórias desobstruídas. O caso ganhou repercussão nacional
porque a gravação foi amplamente divulgada nos noticiários de televisão.
"Eu já havia recebido duas chamadas anteriores de casos semelhantes. Mas
como essa apareceu na televisão, o que era apenas um trabalho passou a
ter uma repercussão enorme", disse Leandro.
Desde 2009 na corporação, atualmente ele trabalha na escola de educação
física da PM, na zona norte da capital paulista. Leandro Prates faz
guarda no quartel e trabalha na identificação das pessoas que frequentam
o local. Tem jornada de 12 horas por 36 horas de folga. Assim, faz um
período de condicionamento físico no dia de trabalho e quando está de
folga treina mais forte, em dois períodos.
No 190, ele lembra que atendia entre 200 e 300 ligações por dia. Alguns
trotes, muitas pessoas desesperadas depois de serem vítimas de assalto e
comumente nervosas. "Nós somos treinados para manter a calma o tempo
todo. Quando a pessoa procura a polícia, muitas vezes está com o estado
emocional alterado. A gente tem um papel muito importante em uma hora
dessas", disse.
Prates chega ao Pan-Americano sem nunca ter disputado antes uma prova em
local de altitude elevada. Chegou precavido, mas espera que isso possa
não atrapalhar o trabalho de um ano que ele vem realizando para correr o
Pan.
"A altitude deve ser respeitada. Em um primeiro momento não tem muita
diferença. Quando se treina é que a gente começa a sentir. Agora,
fazemos treinamentos mais leves, mas a partir da próxima semana a carga
deve ser ampliada", disse.
O brasileiro vê como principais concorrentes os americanos, canadenses e
venezuelanos. Porém, diz que vai correr pensando em melhorar o tempo,
sem se preocupar com os demais. A melhor marca obtida por ele é
3min40s05.
"As provas com disputa de medalha costumam ser mais táticas. Em uma
prova tática, eu me sentiria mais favorecido. Tenho melhorado o meu
final e é assim que pretendo disputar uma medalha", afirmou.
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