segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Focado no Pan, dentista do tiro esportivo treina em consultório


A paixão do dentista Stenio Yamamoto pelo tiro esportivo só começou aos 39 anos, depois que um amigo abriu seus olhos. "Se você ficar entre os dez primeiros do ranking brasileiro, poderá defender o Brasil numa Olimpíada. Aquilo bateu forte, representar o País é uma honra", contou o orgulhoso Stenio.
Apesar de virar profissional um pouco tarde, a verdade é que o amor pelo esporte começou na infância. Influenciado pelo pai, Stenio ganhou uma espingarda de chumbinho e costumava frequentar os treinos, mas nem sempre com disciplina.
"Era mais um lazer, não dava para levar a sério, tinha que treinar de final de semana e essa coisa de adolescente, você quer sair com os amigos e não tinha como se dedicar tanto", confessa.
Logo que terminou a faculdade e a especialização em odontologia, Stênio resolveu treinar forte e conciliar a profissão com o tiro esportivo. Em apenas um ano, o paulista já estava na equipe, mas sabia que precisava se dedicar mais para competir em alto nível.
Casado e pai de duas filhas, a profissão de dentista não permitia que Stenio treinasse como gostaria e a falta de recursos impede a participação em torneios internacionais. Foi quando surgiu a brilhante ideia para se manter em alto nível.
"Não sou atleta do tiro, tenho uma profissão e eu precisava compensar isso de alguma forma. No próprio consultório - que fica na zona sul de São Paulo - treinava mirando a parede, mas numa viagem conheci um programa de computador russo que ligado à pistola e um jogo de espelhos consigo atingir cerca de 8 m, o que se aproxima dos 10 m de um treino oficial", explica Stenio.
"Iluminado" em Guadalajara
A reportagem do Terra foi conhecer o consultório, e é num espaço minúsculo que Stenio aproveita para unir o útil ao agradável. A "engenhoca" instalada no desativado banheiro contém o programa russo em conexão com a pistola e a mira. Basta um computador, que não precisa ser nada de outro mundo, e o investimento do software que custa 1,5 mil dólares (R$ 2.560).
É entre um paciente e outro que o atleta aproveita para se aperfeiçoar no próprio consultório. Além disso, toda terça e domingo, Stenio frequenta o clube de tiro no bairro da Vila Maria - zona norte de São Paulo - buscando melhores índices, já que em outubro, o dentista, 50 anos, estará em Guadalajara representando o Brasil pelo terceiro Pan consecutivo.
"Estou muito focado e eu só quero o ouro, só me interessa isso", promete. Além do Pan de Santo Domingo e do Rio de Janeiro, o descendente de japoneses participou dos Jogos Olímpicos de Pequim. "Quero estar iluminado como foi em Munique", recorda Stênio ao citar o melhor resultado da sua carreira, a medalha de prata na Copa do Mundo da Alemanha, em 2007.

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