quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Esgrimista supera Chernobyl e improviso para virar aposta do Brasil

Karina nasceu em uma cidade perto de Chernobyl e adotou o Brasil como sua pátria. Foto: Léo Pinheiro/Terra/Terra Karina nasceu em uma cidade perto de Chernobyl e adotou o Brasil como sua pátria


"Já que você não sabe qual esporte praticar, treine esgrima com seu pai. Se você gostar, continue. Caso não goste, continue procurando outra modalidade". Assim, despretensiosamente, Karina Lakerbai acatou o conselho da mãe Valéria e teve o seu primeiro contato sério com o sabre. A partir daí, ela deixou a ginástica de lado e iniciou os seus treinamentos com o pai Alkhas.
Mesmo sendo natural de uma cidade da extinta União Soviética (Mogilev), foi assim que a atleta se destacou, superou adversidades e passou a ser uma das esperanças brasileiras na esgrima para os Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, que ocorrem em outubro, e para os Jogos de Londres, no ano que vem.
Com seis anos, Karina precisou se mudar de sua terra natal. O local em que morava com seus pais no leste europeu era muito próximo à região isolada de Chernobyl, cidade ucraniana que havia sofrido um desastre nuclear, e a família Lakerbai preferiu poupar a filha de possíveis efeitos da radiação. Karina, inclusive, precisou realizar cirurgias para a remoção de "alguns ossos a mais" que tinha pelo corpo: um problema nunca relacionado, oficialmente, ao poder radioativo.
No Brasil, novo País escolhido para residência da família Lakerbai, Valéria, professora de ginástica artística, percebeu que a aptidão esportiva da filha pendia para outro lado e resolveu entrar em ação.
"Eu fazia ginástica com a minha mãe e ela praticamente me expulsou. Eu me machucava muito, sempre fui acima do peso para uma ginasta e ela preferiu que eu treinasse com meu pai", afirmou Karina, que não teve opção de escolha de arma. "Meu pai dá aula de sabre, então já entrei nessa, não escolhi. Mas foi bom ter sido assim, pois é o jeito de jogar que mais gosto. Sem estocadas e mais ágil".
A agilidade conquistada com os anos de prática precisou ser colocada em xeque há dois anos. Durante o Pan de esgrima de 2009, a esgrimista deslocou o ombro direito. Destra e pressionada, Karina Lakerbai precisou se lembrar dos movimentos para executá-los "de improviso" com a mão esquerda e continuar na competição.
"Eu cheguei a quebrar um pedaço do osso, precisava de cirurgia. Mas, naquela época, eu dependia do Bolsa-Atleta e tinha que continuar competindo, não podia desistir. Joguei com a canhota, desesperada, achando que meu corpo não ia corresponder. Acabei ganhando", comemorou, enumerando as várias conquistas na esgrima desde então.
Expectativa para o Pan
Karina chegou a torcer o pé nesta temporada, porém, após a recuperação, já treina dois períodos por dia. "De manhã, intensifico a parte física. Na parte da tarde, jogo muita esgrima. Ainda estou sem tanto deslocamento, mas obtive bons resultados neste ano", afirmou a esgrimista, que levou o título no Nacional e ainda foi prata no sabre no Sul-Americano na Venezuela, neste mês.
Um bom resultado no Pan não garantirá vaga em Londres, mas será um teste dos melhores possíveis para Karina, que participará do Pré-Olímpico entre abril e maio de 2012. O local do torneio ainda não foi definido.
"Os esgrimistas tops do Pan são os mesmos da Olimpíada, até porque as americanas são a maior força da modalidade. O nível é altíssimo em Guadalajara, onde também estarão as canadenses. A Argentina vem crescendo e a Venezuela tem atletas boas. Tenho boas chances de ganhar, já que o sabre é olímpico apenas a partir de 2004, então, o investimento de todo mundo é recente", disse.
Pan 2011 no Terra
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