terça-feira, 20 de setembro de 2011

Brasileiro comemora 50 anos de recorde que o fez parar de nadar



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 Brasileiro comemora 50 anos de recorde que o fez parar de nadar
20 de setembro de 2011 07h59 atualizado às 08h16

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A terça-feira é de festa para a natação brasileira, mais especificamente, para Manoel dos Santos. O ex-nadador comemora 50 anos da quebra do recorde mundial dos 100m livre, feito que o fez abandonar a natação aos 22 anos de idade para trabalhar na madeireira do pai.
No dia 20 de setembro de 1961, uma quarta-feira, Manoel caiu na piscina do Clube de Regatas Guanabara, no Rio de Janeiro, para quebrar a marca do americano Steve Clark, que pouco mais de um mês antes, havia competido ao lado do brasileiro nos EUA e anotado o melhor tempo do mundo, 55s40.
Depois de uma primeira tentativa frustrada, o paulista entrou na água novamente e quando saiu era o nadador mais rápido do planeta nos 100m livre, com a marca de 53s60. "Eu tinha pedido três tentativas e na segunda então bati o recorde mundial. Está bem gravado na minha memória ainda, porque foi uma cena muito bonita. Eu consegui um tempo muito bom e estava esperando fazer aquilo mesmo. Depois foi só aquela gritaria, comemoração", recordou-se o ex-nadador.
Manoel, que havia chegado ao Rio de Janeiro no dia anterior à quebra do recorde, foi ao Guanabara antes do horário combinado para a tentativa de estabelecer a nova marca. Após um treino leve, seguiu para o vestiário para receber massagem e se assustou ao retornar à piscina.
"Quando eu saí, tinha mais de 3 mil pessoas na arquibancada para assistir. Aquilo me emocionou muito. Aquele pessoal todo, em um dia comum, em que a turma trabalhava. Estava lotado, cheio de repórter e tudo", afirmou o medalhista de bronze nas Olimpíada de Roma 1960.
Aposentadoria no auge
Assim que atingiu o ápice de sua carreira, Manoel, que iniciou no esporte para combater o raquitismo, decidiu abandonar a natação. Como era amador, ele não recebia salário e precisava pedir dinheiro ao pai para poder sair com a namorada. O jeito foi largar a vida de atleta e começar a trabalhar na madeireira da família no Mato Grosso.
Segundo o ex-nadador, contou também o fato de ter provado sua capacidade de ser um atleta de alto nível, mesmo com as dificuldades existentes pela falta de estrutura e apoio à época.
"Depois de quebrar o recorde eu vi o mapa-múndi. Ali me senti grande por um momento e resolvi parar de nadar, não precisava demonstrar mais nada para ninguém", disse Manoel. "Não via a hora de começar a trabalhar para ganhar meu próprio dinheirinho. A idade para praticar esporte era também dos 17 aos 21 anos. Com 22 já era velho e tinha decidido parar", explicou. A última competição foi o Campeonato Sul-americano, disputado em Buenos Aires, em fevereiro de 1962. O Brasil ficou com o título geral, com grande contribuição de Manoel nas provas individuais e nos revezamentos.
Os 53s6 que o brasileiro demorou para completar os 100m na piscina do Guanabara permaneceram como a melhor marca do mundo por quase três anos, até o francês Alain Gottvalles baixar o recorde para 52s9, em setembro de 1964.
Já longe da natação, Manoel, que diz ter torcido para seu tempo ser superado, recorda-se da emoção ao ver Cesar Cielo tornar-se o segundo brasileiro da história a quebrar o recorde dos 100m livre, em 2009.
"Acompanhei as provas dele de pé. Fiquei muito emocionado, muito nervoso até, e foi uma satisfação muito grande ter um brasileiro batendo o recorde na prova que é a mais disputada nas Olimpíadas", afirmou.

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