terça-feira, 20 de setembro de 2011

Irmãos do adestramento têm know-how estrangeiro e "cavalo de D. João VI"

Luiza integra o Projeto Lusitano, sendo treinada por técnicos gabaritados, como o sueco Eric Lette. Foto: Eládio Machado/Terra Luiza integra o Projeto Lusitano, sendo treinada por técnicos gabaritados, como o sueco Eric Lette
As vitórias dos irmãos Luiza e Manuel Almeida no adestramento não são atribuídas somente ao talento natural e aos treinos diários. Classificados para os Jogos Pan-Americanos de Guadalajara (ela como titular e ele na condição de reserva), ambos contam com técnicos estrangeiros, palestras com ícones do esporte e até com um cavalo que remete a Dom João VI para triunfarem no esporte.
Adquirido em 2010, o animal Viheste é da Coudelaria Alter Real, criação dos tempos do rei português Dom João VI, que em 1808 levou ao Brasil um cavalo desta linhagem no momento em que transferiu a corte para o Rio de Janeiro para fugir de Napoleão Bonaparte. "Viheste é o primeiro Alter Real puro a vir para cá depois de mais de 200 anos", explicou o proprietário Manuel, em informação confirmada pela Confederação Brasileira de Hipismo.
Já Pastor, cavalo de Luiza, também tem origem de prestígio. Nascido em Portugal, nos campos de Julio Borba, um dos mais respeitados criadores do Puro Sangue Lusitano, o animal de 1,74 m e aproximadamente 800 kg foi treinado na França, de onde veio ao Brasil em dezembro de 2010, já visando à disputa do Pan-Americano de Guadalajara.
Para a competição, aliás, houve todo um preparo especial por parte dos irmãos Almeida. Eles integram o Projeto Lusitano, desenvolvido por quatro criadores da raça (Manuel Tavares de Almeida Filho - pai de Luiza e Manuel -, Victor Oliva, Luis Salles e Luis Ermírio de Moraes), que há seis anos ampliou as competições em âmbito nacional e propiciou a vinda de juízes olímpicos para participarem do júri de provas, possibilitando aos conjuntos brasileiros uma avaliação comparativa, correções e novos aprendizados.
Além disso, todos os atletas que participam do Projeto passaram a ter palestras com ícones do olímpicos, como a jogadora de basquete Hortência e o técnico da Seleção Brasileira de vôlei, José Roberto Guimarães.
Para completar, treinadores gabaritados foram contratados. Atualmente, o sueco Eric Lette, um dos nomes mais importantes no mundo do adestramento, é o chefe da equipe do Brasil. Os irmãos Almeida contam também com o auxílio mensal exclusivo do prestigiado cavaleiro alemão Dolf Keller, e, no dia a dia, são orientados pela brasileira Sandra Sabóia de Albuquerque.
Tratamento VIP aos cavalos
O preparo diferenciado para as competições internacionais se estende aos animais. Considerado o "verdadeiro atleta" nas provas de hipismo, o cavalo recebe tratamento de rei no esporte. "Eu não tenho que estar em forma, fazer exercícios e ter uma dieta rigorosa, porque o atleta é o cavalo. Então é normal que ele tenha algumas mordomias", disse Luiza.
Os cavalos de Luiza e Manuel ficam na Sociedade Hípica Paulista, no bairro do Brooklin, em São Paulo, sob os cuidados do tratador Genoílson Sampaio de Oliveira, o Baianinho. É ele o responsável por dar banho - com direito a shampoo -, escovar, aparar os pêlos das orelhas e nariz, passar perfume, fazer penteados, além de massagem e levar para a corrida na esteira.
"Tem que tratar como se fossem nossos, né? Chego às 6h na hípica e só vou embora quando todos já estão nas baias, comendo", explicou Baianinho, que cuida dos cavalos dos Almeida há sete anos, mas não os acompanha nas competições. "Não vou para o México, não. Tenho outros quatro animais para cuidar e não posso sair daqui", explicou.
Para manter um cavalo na Sociedade Hípica Paulista, é preciso ser sócio do clube, que tem um título de R$ 120 mil e mensalidades de R$ 2 mil. Além disso, há o custo com a manutenção do animal (ração, tratador e cocheiras), que gira em torno de R$ 1,3 mil por mês. E o preço dos cavalos também envolvem altas cifras.
"É difícil dar um valor exato, porque varia muito. Depende da idade, dos resultados, exames veterinários... O melhor cavalo do mundo no adestramento foi vendido por 14 milhões de euros (equivalente a quase R$ 33 milhões). O Samba é um animal olímpico, mas não está entre os melhores, por isso deve valer uns 500 mil euros (R$ 1,2 milhão). Mas ele é meu xodó e eu não vendo jamais", diz a amazona sobre o animal de 12 anos, que a ajudou a se tornar a mais jovem atleta a participar de uma Olimpíada, além da primeira sul-americana a disputar uma final de Copa do Mundo.
Pan 2011 no Terra
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