terça-feira, 20 de setembro de 2011

Inspirado em Dinastia Pessoa, são-paulino de 17 anos segue irmã no Pan

Luiza Almeida é o grande exemplo do irmão Manuel, que pretende seguir os passos dela na profissão. Foto: Eládio Machado/Terra Luiza Almeida é o grande exemplo do irmão Manuel, que pretende seguir os passos dela na profissão
Manuel Almeida cresceu vendo "seu" São Paulo conquistar títulos, mas em vez de escolher o futebol como esporte favorito, optou pelo Adestramento de cavalos. No Pan-americano de Guadalajara, o jovem de 17 anos será reserva da equipe brasileira que conta com a irmã Luiza Almeida, amazona mais famosa de uma família que pode se inspirar na Dinastia dos Pessoa.
Nelson Pessoa já não compete, mas praticando o Salto - outra modalidade do hipismo - conquistou duas medalhas de ouro e uma de prata em Pans, além de um quinto lugar nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 1964. Vinte e oito anos depois, na Olimpíada de Barcelona 1992, Nelson integrou a equipe brasileira ao lado do filho Rodrigo, que comprovou ter o mesmo talento do pai ao faturar dois ouros, uma prata e um bronze em Pan, além do inédito ouro olímpico em Atenas 2004. A relação dos Almeida com os cavalos também é duradoura e vitoriosa.
"A família inteira sempre foi muito envolvida com o esporte, então todo mundo sempre se apoiou. Esse é um diferencial nosso, saímos na frente dos outros cavaleiros por isso. Meu pai é criador de cavalo, minha mãe também é apaixonada e até hoje ela monta", conta Luiza, primeira competidora de elite da família que cria cavalos em uma fazenda de Itu, interior de São Paulo, há 14 anos.
A prateleira de troféus está enchendo e ainda tem espaços que podem ser preenchidos em breve. Foi o sucesso de Luiza, que conquistou o bronze por equipes no Pan-Americano do Rio de Janeiro 2007 e participou da Olimpíada de Pequim 2008, que motivou Manuel, três anos mais jovem, a abandonar o Salto e se dedicar exclusivamente ao Adestramento.
"Eu vi a Luiza participando de Pan, Olimpíada, Mundial e pensei: 'pô, se ela está aí, eu consigo também'. Então, fui atrás e deu certo", conta o cavaleiro que, na condição de reserva em Guadalajara, deve apenas assistir Luiza, Rogério Clementino, Leandro Aparecido e Mauro Pereira Júnior em pista.
No entanto, se tiver a sorte que a irmã teve há quatro anos, quando passou de quinta opção a titular após dois conjuntos serem cortados, precisará estar pronto para representar o Brasil. "Não vou torcer para o cavalo dos outros se machucar, mas é óbvio que eu gostaria de participar como titular, eu treino para isso. Mas, sinceramente, acho que o Brasil está muito bem representado com esses quatro cavaleiros, são os melhores. Só que eu estou preparado e, se acontecer alguma coisa, vou dar conta do recado", prometeu.
Como último preparo para o Pan, Luiza e Manuel treinarão na próxima semana com o técnico da equipe brasileira, o sueco Eric Lette, antes de embarcar ao México, no dia 11 de outubro. E a viagem poderia ter a companhia dos outros dois irmãos.
Thaisa Almeida, 22 anos, a mais velha entre os quatro, também é praticante da modalidade e chegou, inclusive, a ser a reserva do Brasil nos Jogos Olímpicos de Pequim, mas foi morar na Alemanha e abandonou a carreira no esporte neste ano. Já Pedro, 17 anos, gêmeo de Manuel, participou das seletivas para o Pan, porém, não conseguiu a classificação devido à lesão de seu cavalo.
"Tenho certeza que o Pedro estaria com a gente se o cavalo não tivesse se machucado. Mas agora ele já está treinando para a próxima Olimpíada e nosso sonho é estarmos os três lá", torce Luiza, que, espelho para os irmãos, se dispõe a ajudá-los.
"Se precisarem de qualquer coisa, eu espero contribuir com tudo que eu puder", afirma a já experiente amazona, que, ao ver o irmão vestir um casaco da delegação brasileira, advertiu: "Manuel, vai se acostumando. Esse casaco pesa".
O jovem entendeu a dica, e apenas uma coisa pode ser capaz de desviar sua atenção durante a passagem pelo México. Como bom brasileiro, ele continuará acompanhando o time do coração na briga pelo título nacional. Questionado se queria acrescentar algo à entrevista, ele tomou o gravador com as mãos e exclamou: "Vamos, São Paulo!"
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