segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Máscaras, anão e insultos: conheça luta que é "febre" em Guadalajara

Os lutadores mascarados, que promovem o espetáculo da Lucha Libre, fascinam o povo mexicano. Foto: Reinaldo Marques/Terra Os lutadores mascarados, que promovem o espetáculo da "Lucha Libre", fascinam o povo mexicano

Se os brasileiros estão em um momento de sucesso do MMA, em Guadalajara, a "febre" em termos de lutas não tem como figuras principais o brasileiro Anderson Silva, o americano Jon Jones ou até boxeadores como Manny Pacquiao. Na cidade mexicana, quem faz sucesso são personagens como Mephisto, Bam-Bam, Sombra e Máscara Dourada.
Sucesso há décadas na sede dos Jogos Pan-Americanos de 2011, a "Lucha Libre" é um espetáculo que mistura alguns golpes semelhantes ao que se é visto na luta olímpica com bom-humor. O espetáculo já começa hilário nas arquibancadas. A cada instante, os torcedores que estão na parte superior, com ingressos inferiores a R$ 15, trocam xingamentos com os espectadores da chamada área vip, que custa pouco mais de R$ 20.
Enquanto os de cima gritam "filhos da p... são os da parte baixa", os que estão no setor privilegiado respondem com frases como "pobres, pobres, peçam dinheiro às suas mães" ou "já vão perder o 'busão'". As mulheres que vão assistir também sofrem com as brincadeiras. A cada vez que uma levanta, os torcedores pedem para dar uma "voltinha" e mostrar os atributos físicos. Os cidadãos mais gordos são ovacionados com gritos de "porcos, porcos" quando levantam para ir ao banheiro.
Se as disputas nas arquibancadas já são engraçadas, o que se dizer do que acontece dentro do ringue, parte principal da antiga, mas histórica, Arena Coliseo. Ao começar pelas fantasias dos lutadores. A maioria deles usa máscaras extravagantes, em termos de cor e modelo, e roupas que lembram super-heróis de seriados japoneses da década de 90. Antes dos combates, sempre há uma provocação entre os rivais e, muitas vezes, a briga começa antes de o juiz dar como iniciada a disputa.
No ringue, o que se vê é uma mescla de todos os tipos de físicos. Os lutadores vão desde mulheres, passando por musculosos, até diversos "atletas" com o peso bem acima do ideal. Todos os golpes deixam transparecer que são orquestrados. Tapas no rosto, girada de oponente, voadoras na cara, arremessos para fora do ringue são alguns dos truques ensaiados e exibidos na "Lucha Libre". Os movimentos são seguidos de uma queda teatral de quem levou a pancada.
No dia em que a reportagem do Terra marcou presença na Arena Coliseo, o combate que mais chamou a atenção e que conseguiu entreter o público foi o último da noite, chamado de "luta estelar". Um time possuía três integrantes, enquanto os adversários contavam com outros três e mais um anão.
O pequeno lutador foi motivo de risadas do público a cada vez que voava, arremessado por um adversário. Em uma dessas quedas, ele, sem querer, derrubou junto um vendedor de cervejas que estava próximo, levando o público ao delírio com o tombo do funcionário. Apesar da torcida, no final da batalha, o grupo do anão acabou derrotado pelo trio adversário, formado por Sombra, Máscara Dourada e A Máscara.
Na saída, integrantes das arquibancadas, que passaram às duas horas de evento provocando quem estava abaixo, saem para beber com os da ala vip, em um clima de paz e descontração. Para quem gostou da experiência (e gosta de lembrancinhas) há a possibilidade de comprar diversos artigos relacionados aos lutadores, como máscaras, canecas, bonecos em miniatura e até fantasias iguais as que eles usam.
Apesar do sucesso em Guadalajara, a "Lucha Libre" perde cada vez mais espaço no cenário mexicano e ainda não tem um reconhecimento internacional. De acordo com o ex-lutador e gerente da Arena Coliseo, Rubén "Pato" Soria, a culpa pela queda de público é a fiscalização rigorosa dos órgãos públicos, que alegam que o evento não é seguro para os lutadores.
"Não podemos lutar em muitos lugares, por dizerem que não é um esporte seguro. Vários locais do México já não possuem mais integrantes da 'Lucha Libre'", afirmou Soria. Segundo ele, a modalidade ainda é rentável em Guadalajara. O empresário diz que a Arena Coliseo chega a lucrar cerca de R$ 135 mil por mês com as lutas, que acontecem todo domingo e terça no local.
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